quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sobreviver é diferente de viver.

Enquanto o sangue esfria, eu vou morrendo aos poucos.

Já senti a sensação de morte várias vezes, esses dias mesmo, senti umas três ou quatro vezes. Viver nem sempre é estar lúcido, andando pelas avenidas vendo os carros passar, ou ver dois pedestres brigando em um cruzamento, enquando a esposa de um deles chora e grita.

Sobreviver não é a mesma coisa que viver.

domingo, 24 de abril de 2011

Em uma metafora comparativa, associo meu corpo como minha vida, e minha alma como minhas lembranças.
O dia em que minha vida chegar ao fim, meu corpo será comido por vermes e imundices, e por fim, minha alma será eterna.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quando se é subestimado sem ter o direito de auto-defesa é claramente evidente os vestígios de revolta que ficam coagulado em sua caixa craniana que mais parece um cofre, na qual nem você sabe a codificação. Sentado em junção de duas paredes olhando para o teto, aonde os ratos correm e fazem barulho, complica e anula qualquer possibilidade de dormir, olhos mais pesados que bigornas que caem em um personagem qualquer, igual aqueles desenhos animados que você assistia pelas manhãs de sábado. Em um momento de revolta você muda algum pequeno detalhe fútil, mas logo muda de idéia quando o dia clareia, quando o sol bate na janela do seu quarto, entre panelas e um tanque com roupas mijadas.Em um desentendimento rotineiro, em meio a ares raivoso e lágrimas, sem querer percebi que sofro de um sério problema, percebi que o que parecia ser um simples costume nocivo e ilícito estava se agravando com o passar do tempo, e das paranóias que se acumulava dentro de mim, uma grande bola de neve desenfreada e sem destino. Hoje eu percebi que o único motivo que me privava de uma relação satisfatória era eu mesmo, percebi que no final daquele grande túnel escuro cheio de insegurança e frustração que eu venho percorrendo a algum tempo tem um espelho, aonde eu me vejo fazendo as mesmas coisas, cometendo os mesmos erros e ouvindo as mesmas palavras. Cavei a minha própria sepultura, aonde eu sepulto os dias serenos e limpos que eu já vivi, agora eu mendigo atenção e afeto, tento sobreviver em meio a esse caos psicológico que eu criei, aonde eu afeto a mim e a todos que estão sentados em volta dessa mesa redonda que eu chamo de vida.
E as idéias vem sugindo aos poucos nas noites que passo em claro, ouvindo o barulho dos carros e os latidos dos cachorros. A claridade que eu avistei em uma das noites de insônia era apenas a luz que vinha do banheiro, refletindo nitidamente as lajotas trincadas e as infiltrações, as vezes tenho a impressão de que o teto está caindo, as vezes até sinto o pó sobre meus ombros, pedregulhos e sapos caindo em mim. Quando deito naquele quarto, olho para o lado, e vejo que nada é familiar, talvez a unica familiaridade que eu tenha comigo são fotos deterioradas, com alguns sorrisos e rostos felizes. Nem ao menos respirar eu posso, porque o cheiro me embrulha o estômago, tenho vontade de vomitar o que não comi, e novamente tento dormir, em meio a roncos e barulhos, mas antes eu levanto, descalço, pisando em restos de comida, abro a porta sanfonada do banheiro e tento mostrar ao máximo os dentes no espelho antes de escova-los.
E do pouco que ainda tenho comigo, me tire o resto que há de sobrar, se infiltre dentro de mim, e com as suas mãos geladas feito noites de setembro, arranque o que eu chamo de orgulho. E sabe aquele amor incomum que eu te prometi, aquele que você jogou em meu rosto no momento em que as lagrimas caiam em puro reboque? Tenha consciência que ele há de aumentar, e as consequências há de cair sobre você, grudando em seu peito que dói tanto... e por falar em grudar, eu sei que não nascemos grudados.

E ao meu ato que te reprende, não tente entender... as vezes eu sou monstro sem saber.

quarta-feira, 13 de abril de 2011


Ainda chove, e é quase noite.


A chuva escamosa,
que cai entre lajotas e ladrilhos,
balançando a folha de uma árvore qualquer.

O cheiro de asfalto molhado,
a cor cinzenta de um dia chuvosa
que se clareia em meio a lâmpadas e faróis.

Os postes já estão acessos,
os carros com os seus faróis ligados,
ainda chove, e é quase noite.
Uma tarde bonita, perdida entre dias cinzentos, nessa semana calada.
Na avenida se ouve carros e pessoas, mendigando um espaço na calçada
Nem sempre estamos de bom humor, nem sempre somos caridosos
e nem sempre sorrimos.

-Moço, tem como você me pagar um pão com mortadela?
-Não, e vai pro inferno.