sexta-feira, 15 de abril de 2011

E as idéias vem sugindo aos poucos nas noites que passo em claro, ouvindo o barulho dos carros e os latidos dos cachorros. A claridade que eu avistei em uma das noites de insônia era apenas a luz que vinha do banheiro, refletindo nitidamente as lajotas trincadas e as infiltrações, as vezes tenho a impressão de que o teto está caindo, as vezes até sinto o pó sobre meus ombros, pedregulhos e sapos caindo em mim. Quando deito naquele quarto, olho para o lado, e vejo que nada é familiar, talvez a unica familiaridade que eu tenha comigo são fotos deterioradas, com alguns sorrisos e rostos felizes. Nem ao menos respirar eu posso, porque o cheiro me embrulha o estômago, tenho vontade de vomitar o que não comi, e novamente tento dormir, em meio a roncos e barulhos, mas antes eu levanto, descalço, pisando em restos de comida, abro a porta sanfonada do banheiro e tento mostrar ao máximo os dentes no espelho antes de escova-los.

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